Jorge Rafaat Toumani, o "Rei da Fronteira", morreu em
um tiroteio na noite de ontem, emboscado no centro da cidade
de Pedro Juan Caballero
O megatraficante brasileiro Jorge Rafaat Toumani, o "Rei da Fronteira", morreu fuzilado em um tiroteio na noite desta quarta-feira, emboscado no centro de Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia onde vivia como suposto empresário de segurança privada, na fronteira com Ponta Porã (MS). A família sepultou o corpo nesta quinta-feira em solo brasileiro, no cemitério local da cidade sul-mato-grossense. A segurança foi reforçada na cidade e as polícias Civil e Militar estão em alerta.
Jorge Rafaat Toumani, o "Rei da Fronteira" |
O bando motorizado que o atacou usou armamento de guerra e
artilharia anti-aérea: fuzis e uma metralhadora Browning M2 .50, escondida
dentro de uma caminhonete para parar o jipe Hammer preto blindado do
narcotraficante Rafaat. O que se seguiu foi uma intensa troca de tiros entre
quadrilhas por toda a cidade. A Polícia Nacional do Paraguai também interveio e
trocou tiros com os bandidos. Sete suspeitos foram presos. Um brasileiro
suspeito de ter feito os disparos contra Rafaat está internado em uma clínica privada
em Assunção, capital do Paraguai.
Eram cerca de 18h45 quando Rafaat foi emboscado em uma cena
de proporções cinematográficas nas principais ruas de Pedro Juan Caballero,
como a Avenida Teniente Herrero. Ele não teve tempo de reagir. Seus guarda-costas
estavam em outras picapes e perseguiram os rivais por algumas quadras.
"Avisem a polícia, tem um tiroteio imenso acontecendo agora perto da
Igreja San Gerardo, tem muita gente aqui", pediu socorro um homem conforme
áudio no Whatsapp.
Conforme o jornal paraguaio ABC Color, Rafaat recebeu
dezesseis tiros disparados por um bando de pistoleiros e seus capangas
conseguiram revidar. Ele morreu na hora, sentado ao volante da Hammer.
Um vídeo capturado por câmeras de segurança e divulgado pela imprensa paraguaia mostra parte do confronto no trânsito. Uma Toyota de cor clara passa à frente do comboio que protegia a Hammer de Rafaat e inicia os disparos de .50 logo após o cruzamento, enquanto as pick-ups de seguranças dele ficaram paradas. Em seguida, os homens do traficante descem armados com fuzis, disparam algumas vezes e correm. Mas o carro do chefe já estava fuzilado adiante.
Um vídeo capturado por câmeras de segurança e divulgado pela imprensa paraguaia mostra parte do confronto no trânsito. Uma Toyota de cor clara passa à frente do comboio que protegia a Hammer de Rafaat e inicia os disparos de .50 logo após o cruzamento, enquanto as pick-ups de seguranças dele ficaram paradas. Em seguida, os homens do traficante descem armados com fuzis, disparam algumas vezes e correm. Mas o carro do chefe já estava fuzilado adiante.
Segundo a imprensa paraguaia, ele já havia sido alvo te um
atentado anterior da facção brasileira Primeiro Comando da Capital (PCC), também
agora suspeito do ataque fatal. Rafaat teria assumido nos anos 2000 rotas do
tráfico antes operado pelo então maior traficante do país, Fernandinho
Beira-Mar. Ele já era alvo da Justiça brasileira em ao menos cinco ações penais
crimes como tráfico internacional, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
A morte levou terror à região de fronteira e despertou a
atenção das forças policiais paraguaias e brasileiras. A Força Nacional havia
sido enviada à região. A Polícia Federal também está em alerta e o investigava
há mais de dez anos. Lojas de pneus que seriam de propriedade de Rafaat foram
incendiadas. Ele vivia supostamente como empresário de segurança privada na
região.
Ele o irmão Jospeh Rafaat foram condenados em 2014 pelo juiz
Odilon de Oliveira da Justiça Federal em Campo Grande (MS). Eram donos da
Fazenda São Rafael, na qual funcionava um laboratório de produção refino da
pasta base de cocaína bruta. E também estavam envolvidos em duas remessas
milionárias de drogas para o Brasil, uma de 488 quilos e outra de 492 quilos de
cocaína. Jorge Rafaat pegou 47 anos de prisão ao todo e multa de 403.800 reais.
O irmão, a 15 anos de prisão e multa de 83.200 reais. Ambos ainda recorriam da
condenação.
Na ocasião, o juiz confiscou sete aviões, dezenas de veículos
de luxo, reboques e caminhonetes, uma lancha, ao menos seis fazendas e outros
seis imóveis residenciais dele no Brasil e no Paraguai. Rafaat já havia sido
preso antes e controlava rotas para atravessar maconha e cocaína para o Brasil
e enviar para entrepostos no interior do país.
Rafaat era conhecido na região como "Patrão",
"Seu Jorge" e "Turco". Ele também respondia a ação penal
por crime contra o sistema financeiro nacional, por operar uma casa de cambio
clandestina. A sede ficava no lado paraguaio, mas ele operava transações
internacionais a partir de Ponta Porã e usava uma linha telefônica brasileira,
conforme a denúncia do GAECO do Mato Grosso do Sul. Para o Ministério Público,
ele era dono da casa de cambio Western Union DHL. Para a defesa, não. Rafaat
era violento ao cobrar os créditos dos clientes e chegou a praticar torturas,
segundo os investigadores.
Por: Felipe Frazão
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