A mulher transexual presa em Sorocaba (SP) suspeita de
extorquir clientes após programas sexuais foi encaminhada para um presídio
feminino. O delegado responsável pelas investigações do caso, Acácio Leite,
explica que foi respeitado o gênero com o qual a suspeita se identifica.
Júlia Emanuelly Fagundes Santos, de 19 anos, teve a prisão
preventiva decretada pela Justiça e, com isso, foi encaminhada à Penitenciária
Feminina de Votorantim (SP). A comparsa da suspeita, a também mulher transexual
Nicolly Fagundes Vieira, de 24 anos, continua foragida da polícia.
"Por ser transexual, ter um nome social e se entender
como mulher, a Júlia foi encaminhada para um presídio feminino, respeitando o
gênero com o qual ela se identifica", explica o delegado.
A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) informou
que o nome de Júlia Emanuelly Fagundes Santos não tinha sido incluído, até
segunda-feira, na Penitenciária Feminina de Votorantim. "Informamos ainda
que nesta mesma unidade não existem presas trans", completa a nota.
Júlia e Nicolly são suspeitas de extorquir clientes após a
realização de programas sexuais. Ainda segundo Leite, as duas atraíam as
vítimas usando anúncios na internet e os programas eram todos realizados na
casa delas, no Parque São Bento II, na zona norte da cidade.
"Enquanto uma delas fazia o programa com o cliente, a
outra tirava foto do carro e pesquisava sobre a vida dele na internet. Se ele
deixava a carteira à mostra, por exemplo, elas tiravam fotos dos documentos. Na
hora que o cliente ia pagar pelo programa, que girava em torno de R$ 200, elas
ameaçavam contar para a família da vítima sobre o programa e assim extorquiam
mais dinheiro".
O delegado ainda explica que, por se tratar de um crime que
envolve muito constrangimento às vítimas, pois muitas são casadas e procuram
pelos programas sexuais escondidos da família, a polícia teve dificuldade de
acesso a informações.
Ainda segundo o delegado, em dois meses de investigação,
somente duas vítimas procuraram a polícia, sendo que apenas uma admitiu, de
fato, que foi extorquida após o programa, diz Leite. Dela, a dupla chegou a
extorquir R$ 2 mil, além dos R$ 200 referentes ao programa.
Já a segunda vítima alegou que teria sido roubada e agredida
pela transexual Júlia.
"As investigações apontam que, na verdade, ele também
foi vítima da dupla após a realização do programa. A Júlia utilizou uma máquina
de cartão para fazer várias transações no valor total de R$ 1,7 mil",
acrescenta o delegado.
Leite pede que outras pessoas que também foram extorquidas
pela dupla procurem a polícia. A investigação segue no 8º Distrito Policial,
que fica na Avenida Itavuvu, zona norte de Sorocaba. A identidade dos
envolvidos será mantida em sigilo, garante o delegado.
Fonte:G1
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