Casos aconteceram nas cidades de Governador Nunes Freire e Buriticupu.
Associação manifestou preocupação sobre assassinatos.
Blogueiros foram mortos em circunstâncias parecidas (Foto: G1) |
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou nota na noite dessa quinta-feira (27) manifestando preocupação sobre os casos de assassinatos a blogueiros no interior no Maranhão. Os casos aconteceram nos municípios de Governador Nunes Freire e Buriticupu.
“A Abraji considera preocupante a sequência recente de execuções de blogueiros no Maranhão. Desde a semana passada, a associação apura as circunstâncias das mortes de dois comunicadores no interior do estado”, diz trecho da nota. “Ambos mantinham blogs em que criticavam políticos locais, além de publicar e reproduzir reportagens sobre a região”, completa a associação.
No dia 13, Ítalo Eduardo Diniz Barros, de 30 anos, foi assassinado por quatro tiros disparados por dois suspeitos em uma motocicleta em Governador Nunes Freire, a 181 km de distância da capital maranhense, São Luís. Ele deu entrada no hospital da cidade. Ítalo estava acompanhado de um amigo, identificado como Werbeth Matheus Castro, também blogueiro, atingido com um tiro no braço e outro nas costas, que sobreviveu ao ataque.
No dia 21, Orislandio Timóteo Araújo, conhecido como Roberto Lano, foi morto a tiros por um suspeito em uma motocicleta e morreu ainda no local do crime, na cidade de Buriticupu, a 407 km de São Luís.
Investigação
Uma equipe da Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP), órgão ligado à Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP-MA), foi enviada ainda na madrugada do dia 14 para reforçar as investigações sobre a morte de Ítalo Barros. “A orientação que foi dada é que as equipes locais fizessem os levantamentos sob orientação da Superintendência de Homicídios, já que nós não tínhamos esses profissionais especializados na região”, disse o delegado-geral de Polícia Civil do Maranhão, Augusto Barros.
Uma equipe da Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP), órgão ligado à Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP-MA), foi enviada ainda na madrugada do dia 14 para reforçar as investigações sobre a morte de Ítalo Barros. “A orientação que foi dada é que as equipes locais fizessem os levantamentos sob orientação da Superintendência de Homicídios, já que nós não tínhamos esses profissionais especializados na região”, disse o delegado-geral de Polícia Civil do Maranhão, Augusto Barros.
Sobre o assassinato de Roberto Lano, a SSP informou ao G1 que já iniciou a investigação para esclarecer a morte e trabalha com várias linhas de investigação, que apontam para um crime de encomenda.
"A Abraji insta as autoridades maranhenses a apurar com precisão e celeridade a motivação de cada um dos crimes. É preciso esclarecer se as execuções foram consequência do que os blogueiros publicavam e punir os responsáveis. Só assim será possível evitar novos crimes contra a liberdade de expressão", diz a associação em outro trecho do comunicado.
Caso Décio
Os crimes ocorrem meses após um caso similar e de maior repercussão no Estado completar três anos, o do jornalista Décio Sá, assassinado a tiros, aos 42 anos, em um bar na avenida Litorânea, em São Luís. O crime teve repercussão internacional, com manifestação de pesar de entidades como a Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
Os crimes ocorrem meses após um caso similar e de maior repercussão no Estado completar três anos, o do jornalista Décio Sá, assassinado a tiros, aos 42 anos, em um bar na avenida Litorânea, em São Luís. O crime teve repercussão internacional, com manifestação de pesar de entidades como a Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
Décio trabalhou por 17 anos no jornal O Estado do Maranhão e, na época, publicava conteúdo independente no Blog do Décio, um dos blogs mais acessados do Maranhão. Segundo as investigações, ele foi morto porque teria publicado no blog uma postagem sobre o assassinato do empresário Fábio Brasil, o Júnior Foca, envolvido em uma trama de pistolagem com os integrantes da quadrilha encabeçada por Glaucio e Miranda.
A investigação do assassinato de Décio Sá resultou na descoberta de um esquema de agiotagem praticado em mais de 40 prefeituras do Maranhão com envolvimento dos empresários Gláucio e Miranda, de vários gestores municipais, outros agiotas, policias, blogueiros e jornalistas.
Leia a íntegra da nota da Abraji sobre o assunto:
A Abraji considera preocupante a sequência recente de execuções de blogueiros no Maranhão. Desde a semana passada, a associação apura as circunstâncias das mortes de dois comunicadores no interior do estado. Em 13.nov.2015, Ítalo Diniz foi assassinado a tiros em Governador Nunes Freire, a 460 km de São Luís. Oito dias depois, em 21.nov.2015, Orislândio Roberto Araújo (conhecido como Roberto Lano) foi executado em Buriticupu, região centro-oeste do Maranhão.
Ambos mantinham blogs em que criticavam políticos locais, além de publicar e reproduzir reportagens sobre a região. Nos dois casos, os executores estavam em motocicletas e fugiram logo após atirarem contra os comunicadores.
Para colegas de Ítalo Diniz, o crime foi represália a sua atuação no blog. Luciano Tavares, outro comunicador da região de Governador Nunes Freire, disse ao Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ) que Diniz “irritava apoiadores do ex-prefeito da cidade [adversário do atual]” com suas críticas. Uma pessoa próxima a Diniz disse à Abraji estar certa de que a morte dele teve razões políticas. Além da página na web, Diniz também trabalhava como assessor de imprensa do prefeito de Governador Nunes Freire, Marcel Curió (PV).
Cinco dias antes de ser assassinado, Roberto Lano publicou em seu blog uma crítica ao atual prefeito de Buriticupu, José Gomes (PMDB). Lano também era conhecido por sua atividade como promotor de eventos na região e locutor, inclusive em campanhas políticas.
A polícia maranhense não conseguiu determinar até o momento se as mortes têm relação com as atividades de Diniz e Lano como comunicadores. Responsável pelo caso de Diniz, o delegado Guilherme de Sousa Filho diz apenas que essa é uma das possibilidades que estão sendo investigadas. Quanto ao assassinato de Lano, a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão diz em nota que “a polícia trabalha com várias linhas de investigação”.
A Abraji insta as autoridades maranhenses a apurar com precisão e celeridade a motivação de cada um dos crimes. É preciso esclarecer se as execuções foram consequência do que os blogueiros publicavam e punir os responsáveis. Só assim será possível evitar novos crimes contra a liberdade de expressão.
Diretoria da Abraji, 26.nov.2015
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