Substância produzida em laboratório por pesquisador brasileiro promete curar o câncer. Entenda o que é preciso para que a fosfoetanolamina se torne um medicamento acessível e disponível a todos.
Nos últimos dias temos assistido a muitas discussões sobre o uso de uma substância química, a fosfoetanolamina, anunciada como cura para diversos tipos de cânceres. Trata-se de uma substância que passou a ser produzida em laboratório por um pesquisador da USP (Gilberto Orivaldo Chierice), hoje aposentado, que acredita que ela seja capaz de tratar câncer.
Diante deste fato, muitos pacientes têm recorrido à justiça e, quando têm seu pedido atendido, recebem as cápsulas sem qualquer indicação de uso. Isto é, não se sabe como tomar a substância, o quanto tomar, se interage com outros medicamentos, quais são os efeitos esperados, se há efeitos adversos, enfim, não há indicações de usosimplesmente porque este produto ainda não é um medicamento.
Substância precisa ser testada
O pesquisador que desenvolveu a pesquisa alega que pediu ajuda àAnvisa para desenvolver os testes necessários, mas houve 'má vontade' da agência. A entidade, por sua vez, afirma que nunca houve um pedido de autorização para pesquisa clínica. Houve ainda um contato com a Fiocruz, porém o pesquisador diz que a instituição exigia que a patente do método de síntese da substância fosse passada para a fundação, o que não teria sido aceito por ele. Já a Fiocruz afirma que não realizou o pedido da patente.
Diante de tantas informações desencontradas, é compreensível a angústia de pacientes e familiares que convivem com uma doença grave como o câncer, mas, neste momento, não há evidências científicas de que essa substância seja capaz de ajudar no tratamento contra a doença, muito menos que seja segura. Isso porque a fosfoetanolamina só foi estudada em laboratório. Nunca houve estudos em pacientes com câncer.
Para poder ser considerado um medicamento, a substância deve passar por uma série de estudos que comprovem sua eficácia e segurança. Estes estudos iniciam-se em modelos mais simples, como uma célula. Depois, o produto deve passar por um estudo em animais, para avaliar sua eficácia contra determinada doença e verificar se a substância tem uma atividade muito tóxica ou se é segura para o uso.
Caso todos os resultados sejam favoráveis, na próxima fase começam ostestes clínicos, em seres humanos, que são feitos em 3 fases. Somente depois disso é que o produto pode ser submetido à agência reguladora (a Anvisa, no caso do Brasil) para que o pedido de registro seja avaliado e o medicamento enfim, disponibilizado.
Tratamento convencional ainda é mais indicado
Como a fosfoetanolamina sintética é uma substância que nunca foi testada em seres humanos, mesmo que pareça promissora para alguns pesquisadores, ela não é um medicamento contra o câncer até que se prove sua segurança e eficácia com estudos sérios e transparentes.
Utilizar essa substância pode resultar em efeitos adversos e em alguns casos levar o paciente abandonar tratamentos que, de fato, podem ser efetivos ou trazer algum resultado. E, enquanto não houver estudos sobre a substância, a conduta mais correta é seguir o tratamento prescrito pelo oncologista que assiste o paciente.
Informações da PROTESTE!
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