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Governo reduzirá metas do programa Banda Larga para Todos, diz fonte


De acordo com fonte, governo deve ser mais conservador em metas de popularização de banda larga no país
De acordo com fonte, governo deve ser mais conservador em metas de popularização de banda larga no país
Luciana Bruno
Em São Paulo

O Ministério das Comunicações lançará o programa Banda Larga para Todos com redução de algumas das metas de ampliação do acesso à Internet previstas inicialmente, disse à Reuters uma fonte do governo federal com conhecimento do assunto.
"Temos que ajustar o tempo dos investimentos para adequá-lo ao apetite do mercado e às finanças públicas", disse a fonte, que falou sob condição de anonimato. "Estamos reestruturando a dimensão (do programa) e o tempo (de investimentos) para que se encaixe no orçamento."
Promessa de campanha da presidente Dilma Rousseff, a iniciativa tem por objetivo levar até 2018 banda larga de alta velocidade (25 Megabits) via fibra óptica a 45% dos domicílios do país com investimento público e privado. Hoje, 10% das casas no Brasil têm acesso à fibra óptica.
Cálculos iniciais do governo previam que o projeto demandaria investimentos de US$ 50 bilhões, cifra considerada alta por representantes do setor de telecomunicações.
Segundo a fonte ouvida pela Reuters, a meta de chegar com fibra óptica a 45% dos domicílios deve ser reduzida, o que fará com que a velocidade também caia, uma vez que isso depende da infraestrutura.
A fonte, porém, evitou dar mais detalhes, porque as novas metas ainda estão em estudo.
A previsão é que o programa seja lançado em meados de outubro, disse a fonte. Inicialmente, a ideia era que saísse no primeiro semestre, conforme disse em maio o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini.
Consultado, o Ministério das Comunicações informou que o programa deverá ser lançado no início do segundo semestre, sem especificar o mês. Por meio de sua assessoria de imprensa, o ministério negou que as metas serão reduzidas.

Obstáculos

Para operadoras de telecomunicações, os vultosos investimentos atualmente projetados trariam retornos baixos sobretudo em regiões mais pobres, nas quais a população não tem renda suficiente para acessar fibra óptica, mais cara que a banda larga tradicional.
Outro entrave é o ajuste fiscal do governo federal: não há clareza sobre de onde viriam os recursos públicos para o programa de banda larga e em qual ritmo o dinheiro seria alocado.
No fim de abril, o ministro das Comunicações disse que o governo pretende usar créditos tributários como mecanismo para estimular o setor privado a investir no Banda Larga para Todos.
Organizações da sociedade civil e de defesa do consumidor já esperam redução das metas do projeto.
"Que estímulo uma empresa teria para passar fibra óptica na Amazônia? É um investimento muito alto e sem retorno. Isso é atribuição do Estado", disse a advogada do órgão de defesa do consumidor Proteste Flávia Lefévre.
Segundo ela, o plano teria mais sucesso se houvesse mudança da banda larga para o regime público, o que classificaria o serviço de acesso rápido à Internet como essencial à sociedade e, assim, permitiria que recursos do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações) fossem usados. Hoje, só a telefonia fixa está no regime público.
Flávia calcula que o Fust, do Ministério das Comunicações, arrecada anualmente US$ 2,5 bilhões por meio de tributo específico pago pelos consumidores na conta telefônica.
O Banda Larga para Todos será o segundo programa do governo federal nessa área. Em 2010, foi lançado o PNBL (Programa Nacional de Banda Larga), que teve sua conclusão no ano passado e responde por volume reduzido dos acessos totais de banda larga fixa do Brasil.

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