Do UOL, em São Paulo
Os fãs mais recentes de MMA no Brasil deviam ter calafrios com a figura de Cain Velásquez depois do que ele fez nos últimos anos com Minotauro, Antonio Pezão e, principalmente, Junior Cigano. Era surra atrás de surra. Até aparecer a gloriosa noite de 13 de junho de 2015. Fabrício Werdum lavou a alma dos brasileiros com um título e uma atuação vai entrar para a história desta modalidade.
O cenário era assustador para o brasileiro, apesar do longo tempo parado do agora ex-campeão linear. A torcida na Cidade do México adotou completamente o norte-americano, filho de mexicanos, e empurrava o mais completo e perigoso peso pesado que já tinha pisado no octógono até então.
Werdum começou dando sustos. Deixou-se ser golpeado, como se quisesse cansar Velásquez. Poderia ser fatal, não foram poucos que caíram com um único cruzado do americano. Mas ele conseguiu absorver bem os ataques e contra-atacou com efetividade. Até perdeu o primeiro round, mas deixou clara sua tática.
Foi aí que entrou a genialidade do técnico Rafael Cordeiro, que revolucionou o jogo do gaúcho assim como fez com o campeão dos leves Rafael dos Anjos. Fabrício fez o que quis com Cain e começou um show que nem o mais otimista dos fãs de Werdum poderia imaginar.
A ideia era simples: ele encontrou a distância e o tempo perfeito para os golpes retos (jabs e diretos), assim como seus cruzados, além das joelhadas no clinch. Velásquez terminou o segundo round muito machucado e completamente entregue pelo cansaço – os quase dois anos parado e não ter feito a preparação na altitude mexicana (como fez o brasileiro) devem ter pesado muito nessa hora.
Por pontos, estava tudo igual. 1 a 1 em rounds. Mas Werdum estava inteiro. Então veio a armadilha. Um campeão mundial de jiu-jitsu que já tinha finalizado dois dos mais históricos lutadores da categoria (Minotauro e Fedor Emelianenko) não poderia unificar o cinturão do UFC de outra maneira.
Velasquez, como último recurso, estava tentando por Fabrício para baixo. Ele até se deixou derrubar. Mas no primeiro bote em com uma tentativa de double-leg, o gaúcho conseguiu uma guilhotina clássica, linda e perfeita. Cain só teve de bater rapidamente para acabar.
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