Por Norman Arruda Filho
Norman Arruda Filho |
Foi em 2010, na Conferência Internacional sobre os Sete Saberes Necessários à Educação do Presente, que o filósofo francês Edgar Morin traçou os ideais da Educação Transformadora. Embasado em seu pensamento holístico, Morin defendeu uma educação pautada no desenvolvimento da compreensão e da condição humana, na cidadania planetária e na ética do gênero humano. Visão que daria aos indivíduos potencial para enfrentar as múltiplas crises sociais, econômicas, políticas e ambientais que colocam em risco a preservação da vida do planeta.
Menos de dez anos depois desse registro, é fácil perceber sua relação com nosso cotidiano. São poucas as mentes capazes de entender que a classe social não define o caráter de uma pessoa, que a liberdade é muito mais valiosa que o dinheiro ilícito, que a religião deve ser fundamentada em tolerância e respeito, e que o planeta é um bem finito e como tal, deve ser bem cuidado. Para enxergar tudo isso, é preciso ir além. Mudar modelos mentais. Transformar a educação para assim, transformar a sociedade.
Pode parecer complexo, mas é, na verdade, muito simples. A educação é um bem que precisa ser compartilhado. Não é apenas um direito, mas algo inerente ao ser humano. Por isso, para mim, falar em educação transformadora torna-se redundante, uma vez que, trata-se de estimular o despertar individual e coletivo de modo a provocar um processo sinérgico de relacionamento, aprendizagem e, por consequência, transformação.
A Organização das Nações Unidas também encontrou uma forma de mostrar a importância que a educação tem para a sociedade. “Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos” foi definido como o quarto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), meta a ser atingida até 2030. Independentemente de uma questão ordinal de priorização, esse ODS está entre necessidades básicas ao ser humano como a vida digna, o direito à alimentação e o acesso à saúde, entre tantos outros.
No entanto, é na capacidade de interconexão entre os ODS que entendemos o real papel da educação na busca por cada um desses objetivos. Sem a disseminação do conhecimento e devida sensibilização das lideranças, as metas estarão restritas a certos grupos de interessados, enquanto na verdade, o que o mundo precisa é de uma mobilização global. Assim como Morin, Delors e tantos outros pensadores já registraram, acredito e defendo sempre que somente por meio da educação poderemos promover mudanças e encontrar respostas para os graves problemas do mundo e assim, evoluirmos.
Espero que esse Dia da Educação, que será comemorado no dia 28 de abril, seja mais do que uma data para incentivar e conscientizar a população sobre a importância da educação escolar, social e familiar. Desejo que ele seja um dia especial para promover a nossa capacidade de transformar.
*Norman de Paula Arruda Filho é presidente do ISAE – Escola de Negócios e do Capítulo Brasileiro do PRME da ONU
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