Juiz Moro o sentenciou por corrupção e lavagem de dinheiro. É a primeira vez na história do Brasil que um ex-presidente é condenado por receber propina
O juiz Sergio Moro condenou o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a nove anos e meio de prisão
pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A sentença,
anunciada nesta quarta-feira, é a decisão derradeira de Moro no processo
em que o petista foi acusado pela força-tarefa da Lava-Jato de receber
propina da OAS, uma das empreiteiras do chamado clube do bilhão, que se
refestelou nos últimos anos com contratos bilionários na Petrobras.
Entre as vantagens recebidas por Lula, segundo a acusação, está um
apartamento tríplex no balneário do Guarujá, em São Paulo. É a primeira
vez que um ex-presidente do Brasil é condenado por corrupção.
Pouco menos de dez meses se passaram entre
a acusação formal feita pelos procuradores da Lava-Jato e a sentença do
juiz Moro. Ao acusar Lula, a força-tarefa apontou o ex-presidente como
“chefe” do esquema de corrupção montado na Petrobras e o acusou de
participar, em parceria com a OAS, do desvio de mais de R$ 87 milhões
dos cofres da estatal. “Após assumir o cargo de presidente da República,
Lula comandou a formação de um esquema delituoso de desvio de recursos
públicos destinados a enriquecer ilicitamente, bem como, visando à
perpetuação criminosa no poder, comprar apoio parlamentar e financiar
caras campanhas eleitorais”, escreveram os procuradores. “Lula era o
maestro dessa grande orquestra”, chegou a dizer, na ocasião, o
coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol.
De acordo com a denúncia, Lula recebeu R$
3,7 milhões em vantagens indevidas pagas pela OAS. A maior parcela, R$
1,1 milhão, corresponde ao valor estimado do tríplex, cujas obras foram
concluídas pela empreiteira. Os procuradores sustentaram ainda que
companhia gastou R$ 926 mil para reformar o apartamento e outros R$ 350
mil para instalar móveis planejados na unidade, sempre seguindo projeto
aprovado pela família Lula. A acusação inclui R$ 1,3 milhão que a OAS
desembolsou para pagar uma empresa contratada para armazenar bens que o
petista levou para São Paulo após deixar a Presidência da República.
Desde o início da investigação que deu origem à sentença agora proferida
por Moro, Lula sempre negou ter recebido vantagens da OAS. O
ex-presidente ainda é réu em outros quatro processos.
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