Neste 21 de fevereiro de 2019 completam-se 155 anos de nascimento do escritor e jornalista Coelho Netto, filho ilustre de Caxias (MA).
Henrique Maximiano Coelho Netto, por eleição popular, é considerado o "Príncipe dos Prosadores Brasileiros".
Segundo pesquisas que fiz, deve-se s Coelho Netto a introdução do cinema seriado no Brasil -- o caxiense foi não só roteirista como, também, diretor de cinema.
Coelho Netto foi quem elevou a Capoeira à dignidade artístico-cultural-desportiva no Brasil.
O grande caxiense, pela quantidade, qualidade e, à época, sucesso de suas obras, foi indicado três vezes ao Prêmio Nobel de Literatura.
Coelho Netto, entre outras realizações e distinções, foi o responsável pela popularização do título "Cidade Maravilhosa" ao Rio de Janeiro. Escreveu livro e crônica com esse título, que foi lida em rádio.
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O romancista Coelho Netto alcançou diversas glórias em vida. Quando se casou, em 24 de julho de 1890, o padrinho foi o presidente da República, Marechal Deodoro da Fonseca. Machado de Assis, José do Patrocínio e Olavo Bilac, entre outros, eram nomes ilustres que estiveram presentes ao casamento.
Coelho Netto faleceu em 28 de novembro de 1934, no Rio de Janeiro, três anos depois da morte de sua esposa, Dª Gaby. A ausência da mulher “aniquilou-o completamente, tornando-o indiferente a tudo”, diz seu filho, Paulo Coelho Netto, autor de um estudo magistral sobre o próprio pai, intitulado “Imagem de Uma Vida”.
Coelho Netto, segundo relaciona seu filho Paulo, escreveu e publicou 130 livros. As cerca de 8.000 crônicas que publicou em jornais e revistas daria para outros 200 volumes. Outros 100 livros poderiam ser feitos com o material de suas improvisações. Teve semana de, em São Luís, pronunciar 64 discursos; e, em São Paulo, em 1921, na cidade boiadeira de Barretos, o maranhense improvisou 31 discursos e uma conferência no espaço de 60 horas.
O homem era polígrafo, escrevia de tudo, sobre tudo, no ABC da literatura: apólogo, comédia, conferência, conto, discurso, drama, fábula, história, novela, pastoral, poesia, romance.
Tinha ano de publicar 11 livros, quase um por mês! E foi pai de 14 filhos, dos quais oito viu morrer, além da esposa.
Paulo Coelho Netto -- filho que, pelo que escrevia, devia lhe devotar verdadeira adoração -- calcula que Coelho Netto escreveu cerca de 21.000 páginas e poderia ter chegado a algo entre 75.000 e 80.000 páginas.
De Coelho Netto disse um dia Humberto de Campos, outro grande escritor maranhense:
“ --- O senhor Coelho Netto não é um autor; é uma Literatura”.
Tanto que, em 43 anos de produção, de 1891 a 1934, foi publicado um total estimado de 600.000 volumes das obras de Coelho Netto, ou cerca de 14.000 volumes por ano, no cálculo do filho Paulo. É como se todo santo dia, incluindo-se sábados, domingos e feriados, perto de 40 exemplares de livros de Coelho Netto saíssem da gráfica, durante 43 anos!
Contagens feitas a partir de seus textos apontam-no como o escritor de mais rico vocabulário. Lembro-me de que li em algum lugar que, enquanto o comum dos mortais nasce, vive e morre utilizando de 2.000 a 4.000 palavras, Coelho Netto já teria chegado às 20.000.
Esse seu estilo rico -- Brito Broca anota: “opulento e luxuriante” -- contribuiu para uma das piores campanhas de degradação a um intelectual brasileiro ainda em vida.
Isso tudo e mais a morte da mulher foram desanimando o espírito e afinando o corpo do “Último dos Helenos” (como Netto se autodenominou).
Ao morrer, não pesava mais do que 40 quilos.
Como sempre, em relação a um grande escritor, sua obra, com certeza, pesava mais.
Mais do que "vivas" a Coelho Netto, é hora de "reviver" sua obra, com mais leitura, estudos, análises...
Os 155 anos de nascimento e os 85 de falecimento do notável escritor merecem...
Fotos: Fotografia original do escritor Coelho Netto, com dedicatória manuscrita e autografada por ele. Crônica original manuscrita e autografada. (Documentos do acervo do caxiense Edmilson Sanches).
* EDMILSON SANCHES, membro da ACL/IHGC/ASLEAMA
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