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Justiça aprova pedido de recuperação judicial do Grupo João Santos

 

O Grupo João Santos é dono da fábrica "Cimento Nassau", com unidade em Cachoeiro, e da Rede Tribuna de televisão e rádio, entre outras empresas.



A 15ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de Pernambuco aprovou o pedido de recuperação judicial do Grupo João Santos, dono da fábrica "Cimento Nassau", que possui uma unidade em Cachoeiro de Itapemirim, e da Rede Tribuna de televisão e rádio, entre tantas outras empresas. Segundo informações do Valor Econômico, as dívidas do grupo somam R$ 13 bilhões. O pedido de recuperação judicial foi feito pelo Grupo João Santos na terça-feira (20), englobando todas as 43 empresas. Contudo, planos independentes de recuperação podem ser apresentados pelas companhias.

O pedido único de recuperação judicial permite centralizar em uma única Vara todos os processos que o grupo possui, sendo no âmbito trabalhista ou não.

No ano passado, os irmãos José e Fernando Santos, que estavam à frente do grupo, foram alvos da Operação Background, da Polícia Federal, suspeitos de cometeram crimes de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, fraudes e execuções trabalhistas, além de formação de quadrilha. Os dois teriam dado calote em oito mil ex-funcionários e no governo federal. O grupo João Santos então foi afetado pela operação.

E os escândalos não pararam por aí. Em maio de 2006, uma das empresas do grupo, a cimenteira Itapicuru Agro Industrial, foi flagrada com 49 trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão. De acordo com a Polícia Federal, a administração teria transformado um passivo tributário avaliado em 8,6 bilhões de reais em patrimônio pessoal.

A história do grupo é marcada pelo crescimento no mercado nordestino, onde, no passado, encontrou um 'oceano azul', um mercado aberto, aproveitando a pouca presença de competidores relevantes, sobretudo no ramo de materiais de construção. Esse posicionamento foi vantajoso durante muito tempo, permitindo ao grupo adquirir jazidas de calcário por todo o Brasil, e estabelecer unidades fabris de cimento em estados como São Paulo e Espírito Santo. No entanto, os impactos da crise no México fizeram com que o Grupo João Santos sofresse com o endividamento em dólar e tivesse de se desfazer de sua fábrica em São Paulo, principal mercado para o setor no Brasil.

Agora, com dois novos executivos de fora da família assumindo a gestão, o grupo passa por um processo de reestruturação. A dívida tributária está sendo negociada com a PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional) e as dívidas trabalhistas têm sido quitadas por meio da venda do patrimônio imobiliário e de outros ativos. O grupo está buscando recursos no mercado para financiar o pagamento de impostos e das dívidas trabalhistas. Para o futuro, os planos de negócios incluem a venda de ativos, e o posicionamento estratégico de permanecer em mercados onde a competitividade do grupo for maior.

 

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