EXCLUSIVO, por Ricardo Antunes – Os xingamentos no Instagram do arquiteto Zezinho Santos contra três integrantes do clã do patriarca João Santos, seu avô, divulgados com exclusividade pelo blog, poderão ser punidos com penas que variam de seis meses a seis anos de prisão, indenização financeira e remoção dos seus posts.
É o que solicita a queixa-crime impetrada no último dia 25, na Vara Criminal da Comarca do Recife, por seu tio, Fernando Santos, ex-presidente do grupo João Santos, a mulher dele, Maria Irene, a Lena, e a enteada Ana Patrícia. O documento foi obtido com exclusividade pela nossa equipe de jornalismo investigativo.
Eles pedem a condenação do arquiteto por ofensas contra a honra, a dignidade e o decoro e pelos crimes de calúnia, difamação e injúria, previstos no Código Penal.
Outrora poderoso, com 41 empresas, de cimento à educação, o grupo João Santos está em recuperação judicial há pouco mais de um ano e foi alvo da Operação Background que investiga o esquema de sonegação fiscal de R$ 8,6 bilhões.
Recentemente, 12 membros da família, incluindo os que estão no litígio acima, foram denunciados pelo MPF.
Na queixa-crime, de 30 páginas, eles reivindicam indenização a ser fixada pelo juiz conforme a gravidade das ofensas, que será doada a uma instituição social cuidadora de idosos, e a remoção imediata dos posts do arquiteto com os xingamentos ao trio.
No Instagram, José Bernardino Pereira dos Santos Filho, o Zezinho, arquiteto renomado, filho de José Bernardino, irmão de Fernando Santos, chamou o tio de “escroque” e o acusa de desvios no inventário do avô, João Santos.
A mulher de Fernando Santos, Lena, foi classificada como “rasteira e vulgar como o corrimento de uma qualquer, dessas que fazem gargarejo de esperma antes de dormir”. Escreveu que ela “é maior pistoleira que vendeu as partes no estado de Pernambuco”.
Num misto de sinceridade e mágoa, Zezinho Santos, disse ainda que a esposa ainda que a esposa do empresário tem “a glote constantemente socada (afinal, está lá para isso mesmo) pelo triste negócio que deve ser o pênis de Fernando João Pereira dos Santos”.
A enteada Ana Patrícia Baptista Rabelo Pereira dos Santos é chamada no Instagram de Zezinho de “sapatão” e de “lésbica enrustida mau-caráter e torpe”.
Na queixa-crime, Fernando Santos, a esposa e a enteada afirmam que o casal, casado há mais de 30 anos, “formou uma família de reputação ilibada”. Enfatizam que Zezinho, “compelido por cólera”, fez “ataques vis” e fora de propósito.
Segundo eles, houve “ofensas, vilipêndios e menoscabos”(depreciações) “no propósito de conspurcar a honra, reputação, dignidade e decoro” do trio, usando “linguagem manifestamente chula e indecorosa”.
“A pena colérica” de Zezinho, pontua a queixa-crime, “encerra verdadeira verborragia.”. Vai adiante: “Não bastasse assacar contra a honra de duas pessoas idosas de mais de 70 anos e com a saúde já abalada pelo inexorável fluir do tempo, voltou-se de forma repugnante contra uma mãe e avó, pessoas que em nada contribuíram para qualquer insucesso que possa justificar a magnitude das ofensas e menoscabos proferidos”.
Xingada de “sapatão” e “lésbica enrustida”, Ana Patrícia, a enteada de Fernando Santos que teve o Santos adotado no nome, é descrita na queixa-crime como de “reputação ilibada”, advogada inscrita na OAB-PE há muitos anos, casada, mãe de quatro filhos e avó de dois netos.
Outros crimes
Por má gestão familiar, o grupo João Santos pediu recuperação judicial em dezembro de 2022, por dívidas em torno de R$ 13 bilhões, a maior parte por falta de pagamento de impostos e por depósitos do FGTS não realizados nas contas dos trabalhadores. Milhares deles continuam sem receber indenizações trabalhistas justas.
Fez um acordo com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional de renegociação dos débitos tributários, incluindo o FGTS em atraso, mas não consegue cumpri-lo, por dificuldades jurídicas na obtenção de um empréstimo de R$ 230 milhões do Fundo Arc Capital, destinado a quitar o FGTS não depositado.
Como se fosse pouco, 12 integrantes do clã Santos – incluindo os quatro litigantes na Vara Criminal – foram declarados réus pela Justiça Federal de Pernambuco por crimes trabalhistas, organização criminosa, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.
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