A sentença da juíza Anelise Nogueira Reginato, da 8ª Zona Eleitoral de Coroatá, tornando inelegíveis o governador Flávio Dino, que é candidato à reeleição, e o jornalista Márcio Jerry, candidato a deputado federal, e cassando o mandato do prefeito Luiz Amovelar Filho – todos do PCdoB -, e a discussão sobre a elegibilidade do vice-governador Carlos Brandão (PRB), que busca a reeleição, sinalizam, com toda clareza, a possibilidade de que a corrida ao Palácio dos Leões será marcada por tentativas de levar questões decisivas para serem resolvidas nos tribunais da Justiça Eleitoral. A zoada feita pelos aliados da ex-governadora Roseana Sarney (MDB) com a explosiva e surpreendente sentença da magistrada evidenciou esse estado de ânimo, dando-lhe repercussão estrondosa, evidenciou a tendência de que essa é uma via a ser trilha. No contraponto, o governador Flávio Dino tem demonstrado que está preparado para esse viés da corrida eleitoral, tanto que na noite de quinta-feira, ao ser indagado sobre a medida, respondeu, como que mandando um recado: “Para voltarem aos seus privilégios, terão de vencer nas urnas”.
Exemplos históricos recentes mostraram com clareza que o Grupo Sarney sabe aonde e como pisa nesse território movediço das guerras judiciais. O retrospecto de casos famosos que o envolveram, tanto no plano eleitoral quanto no plano criminal, lhe é amplamente favorável. O Caso Lunus, por exemplo, durante o qual foram exibidos pacotes de dinheiro e tirou a então governadora Roseana Sarney da corrida presidencial, na qual ela aparecia traços de que poderia tornar-se um fenômeno eleitoral, terminou com a já senadora absolvida, tendo a Polícia Federal sido obrigada a devolver-lhe a bolada apreendida, cédula sobre cédula. O processo que resultou na cassação, em 2009, do governador Jackson Lago (PDT) e na entrega do comando do Estado à Roseana Sarney, segunda colocada na disputa de 2006, mostrou que o Grupo sabe jogar pesado nessa seara. E que os petardos disparados até agora contra o governador Flávio Dino não devem ser menosprezados.
É verdade que o Grupo Sarney tem agora pela frente um adversário qualificado e com pleno domínio da seara judiciária, a começar pelo fato de ser um juiz federal bem sucedido que decidiu deixar a magistratura para entrar definitivamente na política. Esse dado já reduz drasticamente o poder de fogo do Grupo Sarney no tapetão judicial. Além do mais, o governador Flávio Dino tem dado demonstrações inequívocas de que é um político correto e limpo, sendo até aqui desconhecida qualquer mancha na sua biografia. O conhecimento jurídico e a experiência judiciária e a conduta polpitica criam um enorme embaraço a qualquer tentativa de atingi-lo, mas não eliminam de vez o risco de um contratempo nesse campo, ainda que dê em nada.
Não se discute o direito de o Grupo Sarney questionar na Justiça atos do governador Flávio Dino, seja no âmbito da sua gestão governamental, seja no campo das suas ações políticas. Esse recurso integra o arsenal da guerra política, e quem usá-lo com propriedade, com base em faltas reais do adversário, pode se beneficiar de maneira lícita. O problema é quando a acusação é infundada, sem base, a começar pelo fato de gerar um tremor e depois cair na vala comum das denúncias falsas. Se como homem público está sujeito a tentativas de torná-lo inelegível, o governador Flávio Dino também dispõe dos antídotos que o blindam de ataques dessa natureza, destinados a minar o poder de fogo que acumulou ao vencer a corrida governamental em 2014.
Quando reagiu à indagação sobre como recebera a notícia de que foi tornado inelegível numa ação movida em 2016, o governador Flávio Dino disse que não vai entrar nesse jogo, mas avisou também que está pronto para encarar qualquer parada nesse tatame.
Fonte: Repórter Tempo
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