O Grupo João Santos, uma das principais industrias do setor cimenteiro no Brasil, está trilhando um novo caminho após a aprovação de seu plano de recuperação judicial, que recebeu o apoio de todas as classes de credores na última semana. O plano, que visa restaurar a participação de mercado que o grupo conquistou nos anos anteriores, inclui a reativação de unidades fabris e a reestruturação financeira da empresa.
Atualmente, o grupo opera com quatro fábricas, mas já deu início ao processo de reativação de outras quatro unidades, com duas delas previstas para entrar em operação ainda em 2025, e as demais até 2026. Essa retomada é vista como fundamental para fortalecer a presença da marca Cimento Nassau no mercado brasileiro.
Um dos pontos-chave para a viabilização da recuperação foi o acordo firmado com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), que envolveu um passivo tributário de R$ 11 bilhões. Por meio de negociações intensas, a dívida foi reduzida para R$ 4 bilhões, dos quais R$ 2,5 bilhões já foram quitados com créditos fiscais e outros R$ 230 milhões pagos em dinheiro, destinados à quitação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), beneficiando cerca de 22 mil trabalhadores.
O advogado Gustavo Matos, que lidera o processo de recuperação, afirmou que o sucesso da aprovação reflete um esforço conjunto entre os credores e a nova gestão do grupo, que assumiu a direção em agosto de 2022. De acordo com João Rogério Filho, da PPK Consultoria, responsável pela estruturação econômica do plano, a desmobilização de ativos em setores como papel e celulose, sucroenergético e serviços será necessária para o grupo cumprir seus compromissos financeiros. A nova estratégia do Grupo João Santos está focada em três setores: cimento, mineração e comunicação, com destaque para a Rede Tribuna, no Espírito Santo.
Desde o início do processo de recuperação judicial em dezembro de 2022, o grupo conseguiu retomar a operação de duas fábricas, o que resultou em um faturamento de R$ 1 bilhão em 2023. Com a reativação de mais unidades, a previsão é de que o faturamento continue a crescer, consolidando a recuperação do grupo.
Além disso, o processo de pagamento aos credores está em andamento, com a expectativa de que, até dezembro de 2024, cerca de R$ 500 milhões sejam desembolsados para quitar as dívidas de cerca de 26 mil credores. A proposta de elevação de 100% no valor pago aos trabalhadores foi um dos pontos discutidos e aprovado pela maioria dos credores.
Com uma nova gestão e estratégias focadas em crescimento sustentável, o Grupo João Santos está pronto para enfrentar os desafios dos próximos anos e consolidar sua posição no mercado de cimento e outros setores chave.
Fonte: Tribuna on Line