Há 12 meses, só duas das 10 fábricas de cimento estavam em operação. Atualmente são quatro
O Grupo Nassau, também conhecido por Grupo João Santos, caminha para um rigoroso enxugamento patrimonial. Nos últimos 12 meses, executivos contratados por cinco de seis troncos da família Santos para realizar a Recuperação Judicial (RJ), conseguiram levantar quase 100% do patrimônio. Grande parte deve ser colocada à venda.
Assim, o Nassau deve se desfazer de atividades como produção de celulose, de açúcar e álcool e de milhares de hectares de terras no Maranhão. Essas são as orientações que a nova gestão vem dando aos cinco ramos da família que decidiram se unir para organizar a empresa, após destituição do inventariante, Fernando Santos, que integra a sexta linhagem familiar e não vinha prestando contas do negócio. Em 2022, o grupo entrou com pedido de RJ.
O novo comando é divido entre dois presidentes, Guilherme Rocha e Nivaldo Brayer - este eleito para a copresidência em assembleia realizada no último dia 15 de janeiro, sob a validação da Justiça do Estado de Pernambuco. Para o trabalho de Recuperação Judicial foram contratados a PPKConsultoria o escritório Matos Advogados.
A TGI Consultoria também foi contratada para criar um Conselho Consultivo visando o nivelamento das expectativas entre herdeiros e a gestão. O ambiente foi pacificado, apesar do 5 a 1, como esclarece à coluna João Rogério, líder da PPK Consultoria.
Bens desconhecidos
Nos últimos meses, as consultorias identificaram bens que boa parte da família desconhecia, como os oito portos fluviais na região Norte do Brasil. Diante de patrimônio disperso e desconhecido, os cinco ramos de herdeiros concordaram com o seu enxugamento. Apenas o ramo de Fernando Santos, segue em desacordo.
Reativação de fábricas
O entendimento é que o grupo tem viabilidade, mas precisa diminuir de tamanho e aumentar seu foco, para fazer bem o que o coloca entre os maiores do mercado em seu segmento. Esse direcionamento já colhe resultados. Há 12 meses, só duas das 10 fábricas de cimento estavam em operação. Atualmente são quatro: Cibrasa (PA), Itabira (ES), Itapircuru (PI), Itapetinga (RN). E já há provisionamento de recursos para retomada de mais duas Itapissuma (PI) e Itacimpasa (PA).
Milhares de hectares
Além de identificarem um patrimônio de 47 empresas, os consultores descobriram mais de 100 mil hectares de terra no Maranhão. Mas não se trata de uma fazenda ou duas, mas de 200 a 250 matrículas, sem necessariamente estarem contíguas. Tudo cheio de irregularidades.
Dívidas
O passivo do Grupo Nassau está dividido entre o que está sujeito e não sujeito a recuperação. O que pode ser recuperado se divide em quatro classes, sendo a primeira a que envolve o passivo trabalhista, totalizando R$ 400 milhões. Na classe dois não há credor inscrito. Na três estão os credores quirografados, cuja dívida chega a R$ 800 milhões (comerciantes ou bancos com garantia de aval) e na classe quatro, os micro e pequenos empresários, com passivo de R$ 150 milhões. Os passivos não sujeitos à recuperação (valor de R$ 800 milhões não consolidado) envolvem tributos (R$ 1,5 bilhão em transação já consolidada) e bancos com garantia por alienação fiduciária.
Fonte: Movimento Econômico
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