Infecciosa, contagiosa, curável e com mais registros no Maranhão do que em países inteiros. Ainda que o número de casos de hanseníase no estado tenha caído 3,5% em 2019, segundo o Ministério da Saúde, o Maranhão concentra uma estatística anual que supera o registrado por todos os países da América do Sul juntos, de acordo com o levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em 2019, o Maranhão registrou, sozinho, 2.997 novos casos da doença, enquanto, em 2018, foram 3.105. Conforme os dados disponibilizados pela OMS, o Paraguai foi o país da América do Sul, depois do Brasil, que mais registrou casos da doença em 2018, acumulando 345 registros. O Maranhão também contabilizou mais casos que a Colômbia (324), Argentina (269) e Venezuela (245). O Brasil registrou, sozinho, 28.660 casos da doença e é o segundo país no ranking da hanseníase no mundo.
No total, somando os índices de todos os países, com exceção o Brasil, a América do Sul registrou um total de 1.392 casos em 2018, o que representa um índice menor que o registrado nos últimos cinco anos no Maranhão: 3.632 casos em 2014, 3.540 em 2015, 3.895 em 2016, 4.065 em 2017, 3.105 em 2018 e 2.997 em 2019.
Estados Unidos (185) e México (136) também registraram menos casos que o Maranhão em 2018. O Canadá, segundo o relatório da Organização Mundial da Saúde, não registrou nenhum caso recente da doença.
Janeiro Roxo
Ainda que mais comum do que se deseja, o brasileiro ainda desconhece informações básicas sobre a hanseníase. Por isso, ao longo do mês de janeiro, foi promovida a campanha Janeiro Roxo, criada para chamar a atenção da população para o problema e informar que hoje o tratamento é supereficaz. Não há necessidade de a pessoa ficar reclusa, como ocorria com os antigos portadores de lepra, ou leprosos, que eram isolados compulsoriamente do restante da população.
No Maranhão, a Secretaria de Saúde do Estado diz que tem promovido a capacitação dos profissionais de saúde nos 217 cidades do estado, e ampliado a rede de rastreamento e tratamento da doença – em 2014, 400 unidades básicas ofereciam o tratamento; em 2019, são mais de 1.200.
Em 5 anos, foram 30 mutirões realizados, 87.898 visitas domiciliares e 246.943 pessoas examinadas. A SES realizou ainda 42 cursos e formou 2.165 profissionais dos 217 municípios na detecção da doença.
Doença antiga e que sofre preconceito
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil é o segundo país no mundo que mais registra novos casos de hanseníase. Essa doença possui como agente etiológico o Micobacterium leprae, que atinge principalmente a pele e os nervos periféricos com capacidade de ocasionar lesões neurais, conferindo à doença um alto poder incapacitante, principal responsável pelo estigma e discriminação às pessoas acometidas pela doença. Veja, abaixo, algumas informações que você também precisa saber sobre o histórico dessa doença:
A hanseníase é uma doença crônica e uma das mais antigas da História, com registros que datam de 600 a.C.
Contagiosa, a enfermidade é causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, capaz de infectar grande número de indivíduos.
Porém, é necessário um longo período de exposição ao bacilo para contrair a hanseníase. Por isso, uma pequena parcela da população infectada realmente adoece.
Até hoje, a notificação e investigação da hanseníase são obrigatórias.
O termo "lepra" e seus adjetivos é proibido no Brasil desde 1976 devido o preconceito social.
Fique atento aos sintomas
Os sinais e sintomas mais frequentes da hanseníase são:
Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas, em qualquer parte do corpo
Perda ou alteração de sensibilidade térmica (ao calor e frio), tátil (ao tato) e à dor, que podem estar principalmente nas extremidades das mãos e dos pés, na face, nas orelhas, no tronco, nas nádegas e nas pernas;
Áreas com diminuição dos pelos e do suor;
Dor e sensação de choque, formigamento, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas;
Inchaço de mãos e pés.
Por Lucas Vieira, G1 MA
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